Como o
acaso revelou a fraude que lançou a Volks na pior crise de sua história
Escândalo
prejudicou imagem mundial da Volkswagen
A revelação de que a Volkswagen instalou um
software em pelo menos 11 milhões de automóveis para enganar agências
reguladoras e usuários sobre a emissão de gases poluentes de seus veículos a
diesel colocou a empresa alemã na pior crise de sua história.
E a descoberta aconteceu por uma casualidade. O
responsável por ela foi o ambientalista Peter Mock, diretor do grupo
International Council for Clean Transportation (ICCT, na sigla em inglês).
O grupo tentava pôr em prática seu objetivo, que
era mostrar que os controles de emissão de gases poluentes na Europa são bem
menos exigentes que os dos Estados Unidos.
Mock queria provar que os mesmos modelos de automóvel
de uma mesma marca emitiam menos gases poluentes nos Estados Unidos do que na
Europa – tudo porque o controle das agências reguladoras em solo americano era
mais rígido do que no continente europeu.
Mas ele não imaginava o que iria encontrar.
Método
simples
No ano passado, uma equipe liderada por Mock se
dispôs a estudar as emissões de poluentes de três modelos Volkswagen: o Jetta,
o Passat e a BMW X5.
Por meio de um sistema portátil de medição de
emissões de gases poluentes (PEMS), que pode ser colocado no porta-malas dos
carros, eles fizeram o teste em parceria com a Universidade de Virgínia
Ocidental, nos Estados Unidos.
E foi esse sistema que revelou a fraude da
Volkswagen. Ele analisa diretamente toda a fumaça que sai do escapamento em
tempo real enquanto o carro anda pela estrada.
A equipe testou vários veículos com o medidor de
gases, em viagens de até 2.100 km, de San Diego a Seattle.
Enquanto a BMW X5 passou no teste, o Jetta,
fabricado em 2012, registrou emissões de óxido de nitrogênio 35 vezes maiores
que o limite por lei, e o Passat, que era de 2013, registrou emissões 20 vezes
acima do permitido.
"Esperávamos exatamente o contrário. Achávamos
que os carros iriam passar no teste com as melhores taxas de emissões porque
nos Estados Unidos há um controle rigoroso disso", disse à imprensa dos
EUA Drew Kodjak, diretor-executivo do ICCT.
Os resultados do estudo alertaram a as autoridades
ambientais da Califórnia, que iniciaram sua própria investigação.
E quando a Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos (EPA) foi envolvida no caso, a Volkswagen acabou tendo que
reconhecer que havia instalado deliberadamente um software em até 11 milhões de
veículos a diesel, que era utilizado para enganar agências reguladoras e usuários
quanto às emissões de gases poluentes.
Instalou-se assim aquela que provavelmente é a pior
crise da história da Volkswagen, justamente quando a marca havia conquistado o
posto de maior fabricante de automóveis a nível mundial.
Escândalo
O escândalo ganhou uma nova dimensão quando o
executivo-chefe da empresa, Martin Winterkorn, pediu demissão nesta
quinta-feira.
Na Alemanha, país conhecido pela indústria
automobilística e onde o ativismo ambiental é uma força política, a revelação
causou choque e indignação.
Um jornal alemão chamou o caso de "o ato de
estupidez mais caro da história da indústria automobilística".
Estúpido, segundo a publicação, porque manipular os
dados de contaminação para melhorar as vendas só pode ser visto como uma
bofetada na cara dos clientes que pagaram a mais pelo que pensavam que seria um
carro menos poluente.
Empresa diz
que 11 milhões de automóveis têm programa que mascarava emissões .
E caro porque desde que a Volkswagen aceitou a
responsabilidade pelo caso, suas ações caíram drasticamente.
A empresa também pode enfrentar multas de US$ 18
bilhões das autoridades americanas e o mais provável é que sofra um enorme
prejuízo nas vendas futuras.
A empresa disse que reservará cerca de US$ 7,2
bilhões em suas contas do último trimestre do ano para cobrir parte dos custos
do escândalo, assim como "outros esforços para conquistar novamente a
confiança de nossos consumidores".
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