Produção
das equipes mecânicas
Aldo
Dórea Mattos
Quando o orçamentista precisa chegar ao custo
unitário de um serviço de terraplenagem ou pavimentação, o desafio está em
se calcular a produtividade dos equipamentos que integram a patrulha do serviço
(conjunto de equipamentos por tipo e quantidade).
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Em se tratando de equipamentos, a produtividade é
uma grandeza que envolve a capacidade da concha do equipamento de carga
(carregadeira, escavadeira), o tempo de ciclo do caminhão, a distância de
transporte e o fator de eficiência, entre outros parâmetros. Uma maneira
prática de computar esses dados e apresentá-los de forma padronizada é utilizar
a planilha Produção de Equipes Mecânicas (PEM) adotada pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em seu prestigioso Manual
de Custos Rodoviários, que é a base conceitual do banco de dados Sistema de
Custos Rodoviários (SICRO). Atualmente vigora a versão SICRO 2, enquanto
o SICRO 3 ainda está em consulta pública.
Campos da
planilha PEM
A planilha Produção das Equipes Mecânicas (PEM)
é uma planilha genérica que contém uma série de variáveis, cujos valores devem
ser fornecidos para cada equipamento que compõe a patrulha do serviço em
questão. Essas variáveis são descritas abaixo:
- Afastamento - distância entre furos no sentido transversal à face da bancada (em desmonte de rocha);
- Capacidade - volume nominal da concha ou caçamba (ou alguma outra dimensão do equipamento);
- Consumo - quantidade por unidade de serviço (Ex: l/m3 para espalhamento de água por um caminhão-pipa; m3/min de ar comprimido para uma perfuratriz);
- Distância - espaço médio percorrido pelo equipamento;
- Espaçamento - distância entre furos no sentido paralelo à face da bancada (em desmonte de rocha);
- Espessura - espessura da camada compactada;
- Fator de carga - relação entre a capacidade efetiva (real) e a capacidade nominal da concha ou caçamba;
- Fator de conversão - relação entre o volume do material no corte e o volume solto (Φ = 1/(1+E)), sendo E o empolamento;
- Fator de eficiência - relação entre a produção efetiva e a produção nominal;
- Largura de operação - largura da lâmina do equipamento;
- Largura de superposição - dimensão da superposição entre passadas adjacentes;
- Largura útil - subtração das duas larguras acima (operação e superposição);
- Número de passadas - número de vezes que o equipamento passa no mesmo lugar (compactação, espalhamento, etc.);
- Profundidade - penetração atingida por equipamento de perfuração;
- Tempo fixo - intervalo de tempo de carga, descarga e manobras;
- Tempo de percurso (ida) - intervalo de tempo que o equipamento carregado leva do local de carga até o local de descarga - é a razão entre a distância e a velocidade de ida;
- Tempo de retorno - intervalo de tempo que o equipamento vazio leva do local de descarga até o local de carga - é a razão entre a distância e a velocidade de retorno;
- Tempo total de ciclo - soma dos três tempos acima;
- Velocidade (ida) média - velocidade com que o equipamento carregado vai desde o local de carga até o local de descarga;
- Velocidade de retorno - velocidade com que o equipamento vazio volta do local de carga para o local de descarga.
Nem todas
as variáveis são requeridas para todos os casos.
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Como ler
a PEM
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Para cada equipamento informa-se o valor das
variáveis mencionadas na respectiva fórmula. Para a carregadeira, por exemplo,
a fórmula é dada por:
P = 60 x b x g x h x i / s
Os termos da fórmula estão na coluna das variáveis:
b = capacidade
g = fator de carga
h = fator de conversão
i = fator de eficiência
s = tempo total de ciclo
Com os valores dados,
P = 60 min/h x 3,1 mS³ x 0,90
x 0,77 mC³/mS³ x 0,83 / 0,50 min = 214
mC³/h
Note que o fator de eficiência de 0,83 corresponde
ao equipamento trabalhando efetivamente 50 minutos a cada hora (50/60 =
0,83).
Procedendo de forma análoga para o trator de
esteira, chega-se a uma produtividade maior: 235 mC³/h.
Ora, como o carro chefe da patrulha da escavação é a carregadeira, a
produtividade do trator ficará limitada ao ritmo, ou seja, à produtividade da
carregadeira. Desta forma, o trator terá uma utilização operativa de
214/235 = 0,91 (= 91%), sendo 0,09 (= 9%) de utilização
improdutiva.
A motoniveladora, nesse caso, nem foi
calculada. Por ter uma participação menor, sua quantidade foi arbitrada em 1
unidade.
Para o caminhão basculante, a fórmula é
similar, porém o tempo de ciclo total foi calculado pela soma das parcelas
tempo fixo (2,81'), tempo de ida (4000 m/(350 m/min) = 11,43') e tempo de volta
(4000 m/(650 m/min) = 6,15').
Note que as velocidades são informadas em m/min e
não em km/h. E a distância de 4000 m corresponde ao ponto média da faixa de DMT
do serviço (entre 3000 e 5000 m).
Composição de custos unitários
Como o que o orçamentista está buscando é o custo
unitário do serviço (R$/mC³), basta dividir o custo horário
(R$/h) de cada equipamento pela produção horária calculada (mC³/h).
A tabela Composição de Custos Unitários,
também adotada no SICRO 2, nada mais é do que a composição de custos feita a
partir da patrulha dimensionada na PEM. Na parte superior é totalizado o custo
horário da patrulha (R$2.622,21), ao qual adicionaram-se encarregado e
serventes (R$45,32). Dividindo-se esse total por 214 mC³/h (obtida
na PEM),
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