Racismo no Banco do Brasil
“Fui
vítima de uma atitude racista e constrangedora no Banco do Brasil – Agência da
Rua Voluntários da Pátria – Botafogo – RJ” por Daniel
de Souza Campos via Guest Post para
o Portal Geledés
Isto é
para o mundo ver e envergonhar com este nosso querido Brasil. Eu mesmo (Paulo) já
passei por isto em agencias bancarias, aeroportos, tudo quanto é lugar que tem controle de acesso, geralmente
feito por funcionários brancos. É terrível, mas não me deixo mais humilhar. Quem
faz é que é humilhado por sua ignorância e limitação de quem não merece
trabalhar e conviver com grupos diversos.
Um dia
comum no Brasil e no mundo, só que dessa vez o episódio aconteceu comigo, não
que não tenha acontecido antes, mas nunca tão explicito.
Ás 13:42
do dia 05 de agosto de 2015, me dirigir até a agência do Banco do Brasil,
localizada na rua Voluntários da Pátria, 351, Botafogo, Rio de Janeiro Brasil.
Pensando
nas portas giratórias que travam por causa de “relógios, moedas, chaves e
celulares” deixei minha mochila na casa de um grande amigo no Humaitá e fui até
a agência apenas com carteira e todos os documentos de identificação civil.
Quando
chegou a hora do meu atendimento, um homem, que trabalha na “boca” do caixa,
servidor do banco do Brasil, perguntou o que eu queria. Disse ao mesmo que iria
fazer uma transferência da minha conta corrente do Banco do Brasil, para a
poupança da Caixa Econômica. Informei o valor, e o mesmo da início ao procedimento.
Após
emissão do bilhete, o referido funcionário, solicitou que eu assinasse um documento
(cabe lembrar que já realizei transferência com valores iguais e próximos ao
que queria naquela tarde do dia 05/08 e, nunca, fui convidado a assinar)
Assinei a primeira vez e o mesmo disse que a assinatura não estava correta, fiz
esse procedimento por cinco vezes, tento como trilha sonora a voz do
funcionário que em alto e bom som dizia que a pessoa que assinou na Caixa
Econômica, não era a mesma que estava ali (eu!). Na quinta tentativa disse ao
funcionário que gostaria de falar com o gerente. O mesmo, com ares de deboche e
em voz alta verbalizou que ele era o gerente e não iria fazer a transferência
alguma alegando que minha assinatura era falsa!!. Não contente com isso, disse
ainda, que eu não conseguiria realizar o procedimento em lugar nenhum!
Com uma
paz que eu não sei como consegui, pedi para falar com o gerente da agência,
este de forma muito solicita me atendeu, pediu que eu ficasse calmo que
ele tentaria resolver a situação, após conferir os meus documentos, o gerente
da agência disse que iria falar com o caixa para tentar liberar a
transferência.
Mesmo o
gerente da agência solicitando ao caixa que realizasse a operação, o mesmo
disse que não iria fazer e não o fez. Indignado, liguei para uma querida amiga
que tem uma irmã advogada e fui orientado a anotar todos os nomes, pegar algum
comprovante da minha presença na agência e me dirigir a uma delegacia.
Ao sair
do banco, sem conseguir fazer o que pretendia, uma mistura de sentimentos de
ódio, vergonha, raiva e humilhação tomou conta de mim, mesmo sentimento que
afloram minha alma nesse momento que compartilho com vocês esse episódio.
Nesse
momento que marcou a minha existência de homem negro, tive a sorte de contar
com a presença de três grandes pessoas que foram até a agência e me acompanharam
até a Delegacia Lidianne Albernaz, Corina Mendes e Martha Cristina Nunes
Moreira (deixo aqui também, o meu muito obrigado pelo carinho e atenção).
Tomaremos
todas as providências legais cabíveis, mas as marcas deixadas, não nas costas
que fora chicoteadas, e, sim, na existência do meu povo, só a luta poderá garantir
atitudes não preconceituosas.
Estamos
no século XXI, em um país democrático, que possui uma das constituições mais
belas e humanitárias das nações. Não é possível que continuemos convivendo com
situações semelhantes a estas, por parte de gente que perdeu o bonde da história
e ainda vive no século XIX, quando era aceito normalmente todos os tipos de discriminação.
Muitas
pessoas testemunharam, mas sentem medo, não querem se indispor, preferem não se
expor. Não vou dizer que entendo, mas respeito e espero que nunca passem por
isso, afinal ninguém está livre, visto que poucas mascaras se permitem cair.
Sou
homem, negro, Assistente Social, assumo minha cor, assumo minha identidade, não
vou me calar, não vou me acomodar e este não vai ser só mais um caso engavetado.
A gente
não tem outra alternativa, a não ser lutar!!#racismo #bancodobrasil
Leia a matéria completa em: Racismo no Banco do BRasil - Geledés http://www.geledes.org.br/racismo-no-banco-do-brasil/#ixzz3jZAzW8PI
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