Justiça britânica rejeita extradição de Assange
Juíza negou pedido dos Estados Unidos por considerar haver risco de que o fundador do WikiLeaks cometa suicídio. Washington diz que vai recorrer da sentença.
Um tribunal em Londres decidiu
nesta segunda-feira (04/01) que o fundador do WikiLeaks Julian Assange não deve
ser extraditado para os Estados Unidos, onde ele enfrenta acusações de
violação de uma lei de espionagem e conspiração para obter documentos secretos
por meio de infiltrações em computadores do governo.
As autoridades dos EUA acusam o
australiano, de 49 anos, de 18 crimes contagens relacionados à divulgação de
uma vasta coleção de dados militares confidenciais dos EUA e mensagens
diplomáticas que, segundo os EUA, teriam colocado vidas em perigo.
Os advogados de Assange
argumentaram que todas as acusações têm motivação política, incentivadas pelo
presidente dos EUA, Donald Trump, e que a extradição do fundador da WikiLeaks
representaria uma grave ameaça ao trabalho de jornalistas.
Em uma audiência no tribunal de
Old Bailey, no centro de Londres, a juíza Vanessa Baraitser rejeitou quase
todos os argumentos da equipe jurídica de Assange, mas disse que não poderia
extraditá-lo, por haver um risco real de que ele possa cometer suicídio.
Alívio e lágrimas
Assange enxugou a testa quando a
decisão foi anunciada, enquanto sua noiva, Stella Moris, começou a chorar e foi
abraçada pelo editor-chefe do WikiLeaks Kristinn Hrafnsson.
Do lado de fora do
tribunal, seus apoiadores, reunidos desde o início da manhã, aplaudiram a
decisão e gritaram "libertem Assange!"
Washington tem 14 dias para
recorrer, e o representante legal do governo americano confirmou que vai
entrar com recurso. A defesa afirmou que Assange seja libertado sob
fiança.
Assange está preso desde abril de
2019 na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres. Ele pode pegar até
175 anos de detenção se for condenado em todas as 18 acusações nos EUA, que
incluem a publicação de documentos sigilosos e a violação da lei antiespionagem
americana.
Os EUA querem extraditar o
australiano para julgá-lo por acusações ligadas à divulgação de arquivos
secretos pelo site WikiLeaks em 2010, detalhando aspectos das campanhas
militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque.
Entre os documentos publicados
estava um vídeo que mostra civis mortos por tiros de armas americanas no Iraque
em julho de 2007, incluindo dois jornalistas da agência de notícias Reuters.
Ele fugiu para a embaixada do
Equador em Londres em 2012 para evitar outros processos judiciais na Suécia,
onde era acusado de assédio sexual e estupro, acusações
que foram retiradas posteriormente.
Noticia: dw.com
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