segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Alemães devem pagar caro pela própria falta de cuidado na pandemia.


 

No Natal, alemães pagam preço da própria negligência

A Alemanha voltou a ser paralisada pela pandemia. A população, que às vezes parecia viver como se não houvesse coronavírus, é em grande parte responsável por isso, escreve a colunista Clarissa Neher.

O ano de 2020 foi marcado e paralisado pela covid-19. O que no início parecia ser uma doença passageira, que em poucos meses seria controlada, provou ser o contrário. No verão europeu, havia a falsa sensação de que o pior passara, com o cotidiano funcionando quase normalmente e planos para a realização dos tradicionais eventos natalinos. A máscara de proteção era praticamente a única lembrança da pandemia. Já o distanciamento social foi completamente esquecido por muitos.

Em outubro, porém, soou um novo alerta com o aumento exponencial de casos. Na tentativa de evitar um lockdown, o governo alemão impôs o fechamento de bares, restaurantes e espaços culturais – medida que deveria durar um mês. Na época ainda se cogitava a realização dos tradicionais mercados natalinos, mas quanto mais o tempo passava, mais claro ficava nos números que as medidas restritivas estavam tendo pouco efeito.

Assim, o lockdown parcial foi estendido, e os mercados de Natal cancelados. O advento chegou sem o alvoroço das feiras natalinas, dos jantares de trabalho, dos encontros para assar biscoitos, das reuniões familiares. Apenas a típica decoração de casas e espaços públicos, que iluminam as ruas neste período onde o dia é cada vez mais curto, remetem a essa época do ano.

Embora as restrições para conter a pandemia tenham sido reforçadas nas últimas semanas, elas não estavam surtindo efeito. Na semana passada, novamente o número de casos de diários de covid-19 bateu recorde na Alemanha. Hospitais estão com mais pacientes do que na primeira onda, e os óbitos também aumentaram. Em Berlim, por exemplo, vários pacientes tiveram que ser transferidos de uma das maiores emergências da cidade, pois, devido à lotação, o hospital precisaria fechar as portas para quem chegasse procurando ajuda.

A própria população é a responsável por grande parte deste atual cenário. Diariamente autoridades e especialistas em saúde fazem apelos na imprensa alemã para a redução de contatos, para o cumprimento das medidas restritivas em vigor, mas muitos 

Em Berlim, assim como em outras cidades da Alemanha, donos de restaurantes resolveram vender na frente de seus estabelecimentos quentão para viagem. A iniciativa virou atração turística, atraindo pequenas multidões. Aqui em Berlim foram criados circuitos de quentão em diferentes bairros, com dicas em plataformas na internet de como curtir melhor o passeio alternativo. Sem máscara, grandes grupos passaram a se reunir para beber nas ruas – contrariando as leis de proteção contra infecções.

Também era comum ver muitos sem máscaras em locais públicos onde seu uso seria obrigatório. Com frequência, a polícia na capital alemã é chamada para acabar com festas clandestinas. Isso sem falar nos negacionistas que não acreditam na doença, espalham mentiras que colocam muitos em risco e querem protestar contra uma "ditadura", que só existe na cabeça deles e cuja prova seria a obrigatoriedade das máscaras de proteção em determinados locais.

Graças a esse comportamento egoísta de muitos, a covid-19 vai se alastrando cada vez mais. Por se recusarem a ter que viver um pouco restritivamente, evitar encontro com amigos e familiares, viagens desnecessárias e também sair de casa, obrigaram o governo a tomar medidas mais drásticas: um lockdown total válido pelas próximas semanas.

A situação não é fácil, requer muita paciência e também solidariedade e amor ao próximo. Por mais ruim que seja, não é o fim do mundo ficar só em casa, restringir contatos, deixar de ir a restaurantes, bares, eventos culturais ou usar máscara em público. Há tantas pessoas em outros países que enfrentam situações muito piores, como guerras, violência, fome, que não têm acesso à água e eletricidade, são diariamente confrontadas com a discriminação. É só sair um pouco de sua bolha para ver a realidade. Não custa muito seguir o distanciamento social e quem sabe passar um Natal longe de amigos e familiares para que, no próximo ano, a vida que levávamos até 2019 comece a ganhar ares de normalidade. Na atual situação, ouvir especialista e restringir um pouco da nossa liberdade são gestos de amor que cairiam muito bem neste período do ano.

Noticias:https://www.dw.com/pt-br/no-natal-alem%C3%A3es-pagam-pre%C3%A7o-da-pr%C3%B3pria-neglig%C3%AAncia/a-55933342

 

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