Governo e
ONG unem ações para inclusão social pela gastronomia no Rio
Publicado
em 07/11/2019 - 18:57
Por Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A Organização Não Governamental
(ONG) Gastromotiva e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente do Rio de Janeiro
(SMAC) firmaram hoje (7) parceria para elaborar ações conjuntas para melhoria
da qualidade de vida de comunidades carentes. “Quando a gente fala de
gastronomia social, o primeiro papel é sentar à mesa e daí poder ver que tipo
de conexão sai”, disse à Agência Brasil o empreendedor social David Hertz,
responsável pela Gastromotiva.
A ideia é que a parceria gere
cursos na área de gastronomia para pessoas carentes e também que os produtos
das hortas comunitárias cariocas abasteçam Reffetório, que fornece jantar
diariamente a pessoas em situação de rua.
O empreendedor social David Hertz, fala durante evento na Gastromotiva,
no centro do Rio de Janeiro - Tomaz Silva/Agência Brasil
Instalada no Rio de Janeiro
durante a Olimpíada de 2016 (Rio 2016) para promover a inclusão social por meio
da gastronomia, a ONG foi fundada em 2006 em São Paulo. A organização mantém no
Rio de Janeiro o Refettorio Gastromotiva, em parceria com a entidade
internacional ‘Food for Soul’, do ‘chef’ Massino Bottura, e está presente
também em Curitiba, Cidade do México e El Salvador.
Por meio de educação e cursos
profissionalizantes, a organização já formou e encaminhou para o mercado de
trabalho mais de 5.500 jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica e
ofereceu educação nutricional a 100 mil pessoas. O Refettorio Gastromotiva
evitou o desperdício de 100 mil quilos de comida em perfeito estado de consumo,
que foram transformados em 140 mil pratos de comida por ‘chefs’ e cozinheiros e
servidos para pessoas em vulnerabilidade social, principalmente moradores de
rua.
Com a Secretaria de Meio Ambiente
do município, a ideia é “conhecer os programas que cada instituição tem, para
pensar em algo juntas”.
Para manter o Reffetorio
funcionando, fornecendo jantar diariamente a pessoas em situação de rua e
formando cozinheiros, o Gastromotiva depende de doações de alimentos e
patrocínio de empresas. O custo mensal para manutenção do espaço alcança R$ 100
mil. “Hoje, o nosso desafio é manter esse lugar aberto. Isto foi feito como
legado olímpico e precisamos de parcerias para continuar funcionando”.
Hortas Cariocas
O secretário municipal de Meio Ambiente do Rio, Bernardo Egas, fala
durante evento na Gastromotiva, no centro do Rio de Janeiro - Tomaz
Silva/Agência Brasil
O secretário municipal do Meio
Ambiente, Bernardo Egas, levou David Hertz e o vice-prefeito de Tel-Aviv,
Israel, que visita o Brasil esta semana, o carioca Roberto Ladijanski, para
conhecer, pela manhã, a mais antiga horta comunitária carioca, iniciada no
Morro da Formiga, na Tijuca, em 2008. O Programa Hortas Cariocas tem até agora
47 hortas comunitárias em escolas municipais e comunidades de baixa renda, que
deverão totalizar, este ano, 70 toneladas de alimentos produzidas. Metade da
produção é doada para a merenda escolar e entidades beneficentes situadas no
entorno das hortas. A outra metade o agricultor pode vender para ter renda,
além da bolsa-auxílio que recebe da secretaria.
Bernardo Egas salientou que o
Gastromotiva “tem o nosso DNA que é, através da gastronomia, trazer dignidade
para as pessoas”. A ideia do secretário é criar um convênio por meio do qual
parte dos alimentos produzidos nas hortas será doada para o Gastromotiva,
enquanto os agricultores poderão visitar a ONG e participar como voluntários,
inclusive, de suas ações sociais. Egas pretende ainda oferecer os cursos de
capacitação do Gastromotiva nas comunidades onde estão as hortas cariocas.
Meio ambiente
O vice-prefeito de Tel Aviv, Roberto Ladijanski ,fala durante evento na
Gastromotiva, no centro do Rio de Janeiro - Tomaz Silva/Agência Brasil
O vice-prefeito de Tel-Aviv,
Roberto Ladijanski, revelou que Israel desenvolve também um programa com 47
hortas comunitárias, mas situadas em bairros de classes média e média-alta. O
secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro lembrou que Israel é conhecido no
mundo todo pela tecnologia voltada para o meio ambiente e para a agricultura,
com irrigação de ponta. “Acho que vamos poder fazer diversas trocas de
experiências para melhorar o projeto (das Hortas Cariocas) aqui e levar algumas
ideias para lá também”.
O que chamou a atenção do
vice-prefeito de Tel-Aviv foi o envolvimento da comunidade no programa carioca,
“que está numa situação social baixa. Isso é muito importante para dar para as
pessoas não só dinheiro e alimentação, mas dar aquele cargo importante que elas
podem fazer para sua comunidade”.
Nascido no Méier, zona norte do
Rio de Janeiro, Roberto Ladijanski é, atualmente, o brasileiro com o cargo
político mais alto em Israel. Ele retorna ao Rio de Janeiro a cada ano para ver
o que está sendo feito na cidade na sua pasta do Meio Ambiente. Disse que há
diferenças importantes na administração de uma cidade como o Rio de Janeiro,
que tem 6,7 milhões de habitantes, e um país como Israel que tem 9 milhões de
pessoas. Segundo ele, é muito importante que, hoje em dia, os políticos e
líderes do mundo e das cidades saibam que meio ambiente é qualidade de vida.
Mobilização
“Meio ambiente tem projetos que
ajudam as pessoas a serem mais saudáveis. Eu estou vendo isso em muitas cidades
do mundo. Está havendo uma mobilização para tornar o meio ambiente mais
importante na vida das cidades”. Ladijanski admitiu que esse movimento ainda
ocorre em passos lentos no âmbito mundial, mas destacou que o importante é que
projetos com essa finalidade estão acontecendo. “O Programa Hortas Cariocas é
um deles”, mencionou. O programa do Rio obteve reconhecimento internacional
como um dos melhores sistemas de alimentação urbana do mundo.
Na parte da tarde, após almoço
vegetariano preparado pelos alunos cozinheiros da ONG Gastromotiva, o
secretário Bernardo Egas levou o vice-prefeito de Tel Aviv para visitar o Morro
do Cristo Redentor, onde Ladijanski conheceu o programa de reflorestamento que
a prefeitura do Rio desenvolve no Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar
e Urca. Eles discutiram possíveis pontos de cooperação entre as duas cidades
nas áreas de turismo, tecnologia, agricultura e meio ambiente.
Edição: Aline
Leal
Nenhum comentário:
Postar um comentário