Polícia
Federal cumpre mandados contra magistrados em Manaus
- 09/06/2016 16h52
- Manaus
Bianca
Paiva – Correspondente da Agência Brasil
Dois magistrados, quatro
advogados e dois servidores do Judiciário foram alvo na manhã de hoje (9) da
Operação La Muralla II, deflagrada pela Polícia Federal, em Manaus. A PF
cumpriu 15 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de
Justiça (STJ) em escritórios de advocacia, gabinetes e secretarias do Tribunal
de Justiça do Amazonas e do Fórum Henoch Reis, além das residências dos
investigados.
A ação é um desdobramento da
Operação La Muralla, realizada em novembro de 2015, e tem o objetivo de
aprofundar as investigações que envolvem a suposta participação de autoridades
do Judiciário e advogados em um esquema de negociação de sentenças judiciais
para beneficiar integrantes de uma facção criminosa de tráfico de drogas e
atuante no controle de presídios no estado. Na época, 90 pessoas foram presas,
suspeitas de participar da organização, entre elas, traficantes e advogados.
“Mensagens e diálogos captados
durante a operação La Muralla apontam suposta participação de membros do Poder
Judiciário do Amazonas nessa negociata de decisões judiciais. Isso ficou
bastante evidente durante as investigações da operação La Muralla”, disse o
superintendente regional da Polícia Federal no Amazonas, Marcelo Resende,
durante entrevista coletiva, na sede do órgão.
Resende explicou o motivo pelo
qual os investigados não foram afastados dos cargos. “Com certeza, o STJ
apreciou todas as circunstâncias e os fatos e entendeu que não cabia essa
suspensão, no momento do exercício da atividade, Obviamente, se surgirem fatos
que possam ensejar essa medida, eu tenho certeza que isso possa ser considerado
pelo STJ, no futuro”, afirmou.
A Ordem dos Advogados do Brasil,
no Amazonas, acompanhou a ação da Polícia Federal. O procurador de Direitos e
Prerrogativas da entidade, Alan Feitosa, critica a operação e defende os
profissionais supostamente envolvidos no esquema criminoso.
“A medida é absolutamente
absurda, porque o que se busca na verdade é a indignação do Poder Público nas
decisões favoráveis às solturas. As decisões de liberdade provisória ou de
prisão domiciliar nos autos processuais são certamente fundamentadas. E os
advogados, que são criminalistas, na verdade, estão sendo alvos dessa
indignação. Não há sequer uma prova cabível ou suficientemente que comprove
crime por parte do Tribunal de Justiça ou, inclusive, dos advogados”, disse o
representante da OAB-AM.
As investigações correm em segredo
de justiça no STJ por envolverem autoridades com foro privilegiado. A segunda
fase da Operação La Muralla contou com a participação de mais de 100 policiais
federais. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Amazonas informou
que o órgão não iria se manifestar sobre a ação.
Edição: Maria
Claudia
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